A diferença entre o salário de homens e mulheres no Brasil
é, em média, de 28%. Esse número foi divulgado ano passado pelo IBGE.
Desenhando: os homens ganham, em média, 28% a mais.
A interpretação de dados como este costuma apontar o dedo
indicador para o machismo. Mas de acordo com pesquisadores da Wharton School, nos EUA, a resposta para
a menor remuneração das mulheres está diretamente relacionada com as decisões
de carreira que elas tomam.
Os pesquisadores analisaram as vagas pretendidas por 1255
profissionais, homens e mulheres, que estavam concluindo algum renomado MBA nos
EUA. E eles perceberam que, no momento de escolher as oportunidades, mulheres
refletem mais sobre o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, evitam
carreiras que exijam viajar muito e se preocupam mais, obviamente, com família
e filhos.
Homens, em geral, relevam as intempéries da carreira, desde
que a compensação (financeira, hierárquica, etc) valha a pena.
O homem é talhado, desde pequeno, para vencer, crescer,
bancar, prover. É isso ou o fracasso. Já a mulher, que no passado não tinha
escolha, hoje tem. No entanto, conciliar o papel de mãe e o de profissional, na
atual cultura coorporativa, é tarefa hercúlea. Ou até é possível, mas numa
posição intermediária na hierarquia executiva. O que explicaria as diferenças
salariais.
A última pesquisa nacional por amostragem de domicílio
mostra que, no entanto, as mulheres estão estudando mais: 34,9% das mulheres brasileiras
tem mais de 10 anos de estudo. Entre os homens, 31% ultrapassam uma década em
sala de aula. Essa dedicação vem mudando e deve mudar ainda mais os perfis
profissionais no futuro.
Sim, ainda existe machismo na cultura coorporativa. Mas não
se pode apontá-lo como único fator para eventuais discrepâncias. Somos, antes
de tudo, as nossas escolhas.