terça-feira, 13 de junho de 2017

Duvido que você consiga

Ouvi uma boa história há alguns dias, enquanto falava com uma amiga empreendedora e empresária (é bonito quando a pessoa consegue ser os dois ao mesmo tempo!). Não vou entrar em detalhes, mas resumindo: no passado, ela não teve autorização para criar algo novo no local onde trabalhava. Muita burocracia, muita hierarquia, muita gente com medo de incomodar o chefe. Ela arriscou e foi fazer por conta própria. E isso virou uma empresa.

Provavelmente o leitor conhece histórias semelhantes. Trago esse exemplo para tentar demonstrar um cenário maior: na maioria dos casos, não precisamos mais de autorização para fazer o que queremos. Especialmente quando se trata de trabalho criativo. Você não precisa que a editora permita que você publique. Você não precisa que a gravadora permita que você grave. A tecnologia criou as plataformas para você mesmo criar e mostrar seu trabalho. Mas desconfio que você está usando a tecnologia para outras coisas.

Ou talvez você esteja esperando para ser escolhido. Ganhar uma oportunidade. Fomos ensinados que, se a gente fizer tudo certinho, estudar bastante e obedecer, vamos arrumar um bom emprego. Ou vamos passar no concurso. Mas o mundo mudou, e bastante gente ainda não percebeu. Agora você mostra o seu trabalho e, depois, quem sabe, você seja escolhido. Mas há a necessidade de escolherem você? Será que estão procurando talentos, ou os talentos deveriam dedicar mais tempo procurando oportunidades de mostrar o que sabem fazer?

E tem outro detalhe: a maior motivação para você fazer logo, e não esperar autorização, é ser desafiado. Muitos negócios nascem assim. Talvez você já tenha ouvido histórias de pessoas que se dedicaram integralmente a um projeto após serem pessoalmente ofendidas pelo antigo chefe. Ou por um concorrente grande, estabelecido. Num momento de arrogância, por se acharem melhores e mais fortes, eles criaram uma motivação extrema ao desdenhar do pequeno. Ele usou isso como motivação para criar e crescer.

Uma ideia: você pode duvidar de alguém como estratégia, com a intenção de motivar. Ofender e desdenhar de propósito alguém de quem você gosta. Diga: "Duvido que você consiga! É um fraco!" Da mesma forma que falamos para uma criança: "Duvido que você consegue arrumar a sua cama!". E ela faz só para provar que você estava errado.


É melhor do que passar a mão na cabeça de quem espera por uma chance.