sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sobre a necessidade do Marketing

Toda empresa busca (ou deveria buscar) a sintonia com seu cliente. Saber o que ele quer, o que ele pensa e deseja. Encontrar pistas e evidências que contribuam no desenvolvimento de produtos e serviços. É preciso investigar se as pessoas vão gostar de determinada idéia: só assim é viável torná-la um projeto.
Como conseguir isso? O marketing utiliza consagradas ferramentas, todas de eficiência comprovada. As mais comuns são as pesquisas e suas variáveis: focus group, pesquisa de mercado, pesquisa etnográfica, pesquisa de opinião, estatísticas, enfim, dados que possam ser ordenados de maneira lógica, apontando rumos e tendências.
Ao longo da história, porém, certos homens ignoram esses instrumentos e preferem acreditar em sua intuição, em seus insights. Henry Ford é um bom exemplo: ele justificava a invenção do automóvel alegando que, se perguntasse às pessoas da época o que elas queriam, ouviria que sonhavam com cavalos mais rápidos.
O recém falecido Steve Jobs foi o exemplo moderno de empreendedor que praticamente ignorou o marketing. Ou, no mínimo, dispensou as ferramentas de pesquisa durante a criação de produtos. Ele sabia o que era bom, bonito, eficiente, e que naturalmente faria sucesso. Não era necessário ouvir as pessoas. Arrisco dizer que nem seria prudente ouvi-las.
Muitos consideram essa capacidade um dom inato, digno dos grandes gênios inventores. Quantos mortais faliram e quantos fracassarão ao arriscar um palpite, ao apostar tudo numa idéia. Julgam-se desbravadores, visionários, mas quando incorporam a grandiloqüência se tornam lunáticos despercebidos. Consideram-se pobres artistas incompreendidos pelo público. Mas não é nada disso: simplesmente não era bem aquilo que o povo queria comprar.
Ou seja: para a maioria, o marketing sempre será necessário. O marketing representa, dessa maneira, uma espécie de âncora que mantém a invenção próxima da realidade e dos sentidos. O marketing ajuda a intuição a se manter racional; e quando finalmente materializada, torna-se a inovação propriamente dita. Inovar seria, em último caso, utilizar o marketing na concepção, mas arriscar-se além dos seus limites, ignorando paradigmas em busca do progresso.
Mas poucos se arriscam. Apenas aqueles que possuem a capacidade de enxergar além das tendências, dos comportamentos de manada e das pesquisas. E, acima de tudo, possuem a coragem de investir no que acreditam. Steve Jobs, quando se referia a esse assunto, falava sobre a necessidade de seguir o coração.
Talvez essa seja a diferença entre os gênios inventores e os meros mortais. O coração deles se manifesta de tal maneira que pode até ser ouvido. Nos demais, parece passar a vida toda batendo calado.