quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Identificando ambiciosos

Estou auxiliando uma empresa no processo de criação de um novo cargo de chefia comercial. Creio que o aprendizado possa ser útil ao nobre leitor, seja empresário ou não.

A primeira dúvida dessa empresa era se trazia um profissional de fora ou se escolhia alguém da casa. Como a função, nesse caso, não exige um conhecimento que a empresa não possua, o profissional pode ser da casa. Também é importante mostrar aos funcionários ambiciosos, no bom sentido, que a empresa oferece oportunidades de crescimento. Dizem que todos os bons profissionais são ambiciosos. Se isso for verdade, o que fazer com os acomodados? Que se retirem?

Nesse ponto em que se escolhe um prata da casa, muitas empresas cometem um erro comum: nomear alguém, mas sem avaliar se aquela pessoa realmente deseja ser chefe. Como no desenho do Pica-pau: alguém morrendo de medo recebia a estrela de xerife e deveria ir prender o bandido. Para que isso não aconteça, a primeira etapa é identificar, entre a equipe, quem deseja disputar a vaga.

Existem muitas histórias de empresas que colocam, por exemplo, o melhor vendedor para ser o gerente. E então perdem o melhor vendedor e adquirem um gerente fraco. Nem todo mundo tem o perfil e a determinação para liderar pessoas.

Como nesse caso a vaga não existe ainda, é muito importante definir as funções do novo cargo (algo raro em pequenas empresas). Isso deve ser feito antes de a vaga ser anunciada à equipe. É bem comum ver pessoas sendo contratadas sem saber exatamente o que vão fazer. E essa lista com as atividades descritas vai ajudar o funcionário a decidir se quer disputar a vaga ou não.

Um exemplo que pode parecer banal, mas que já presenciei: a empresa contratava pessoas para a função de caixa em um supermercado, mas sem especificar as funções. E então, já no primeiro dia, o gerente pedia para o caixa ajudar, por exemplo, na reposição de produtos. Alguns só pensavam, mas alguns protestavam: “Mas eu sou caixa!”. E agora: ele está certo ou errado?  

E um último cuidado: nas entrevistas, não avalie apenas conhecimento técnico. O melhor exemplo para ilustrar esse problema: os concursos públicos. O candidato com mais conhecimento é aprovado, porque sabia mais conteúdo da prova. E então essa pessoa, que passou os últimos anos trancada em casa estudando, é colocada para resolver problemas das pessoas. O resultado é a prestação de serviço público que comentam por aí. 

A lição: o mais importante para funções gerenciais (e para quase todas as funções) é a habilidade de relacionamento e comunicação.