quarta-feira, 14 de março de 2012

E quem seleciona o RH?


Já visitei empresas em que o departamento de Recursos Humanos (RH doravante) era inexistente. Consequentemente, as contratações eram equivocadas por não haver um processo formal de recrutamento e seleção, correto? Nem sempre.

O setor de recursos humanos só é eficiente quando os profissionais que o compõem estão conectados aos objetivos e principalmente à cultura da organização em que atuam. É comum entregar o departamento a pessoas que não conhecem a própria empresa e muito menos o mercado. Conseqüentemente o setor fica isolado, como se fossem seres estranhos que cuidam das nossas contas e trazem novas pessoas para a empresa. 

Estando em campo percebe-se que empresas pequenas nem sempre são prejudicadas por não possuírem um setor de RH. Os proprietários/gerentes decidem quem entra no time: e isso ocorre porque são donos da empresa e se preocupam com quem fará parte da "família". O que vale mais: uma dinâmica de grupo ou explicar para o candidato exatamente como a empresa funciona e o que se espera dele?

Claro que esse cenário informal e ao mesmo tempo eficiente nem sempre existe. A alta rotatividade é também conseqüência das contratações afobadas, sem análise alguma do perfil do candidato. A justificativa tolerável dos chefes é a escassez de mão-de-obra. Mas estamos fugindo do assunto.

O RH não dialoga na contratação: ele quer saber tudo sobre o funcionário, e o funcionário, se questionar, ouvirá parcas explicações sobre a posição pretendida. Não porque o RH não quer dizer, mas porque ele não sabe! O processo de recrutamento e seleção é o melhor momento para "vender" a empresa ao candidato, e assim atrair gente capacitada e realmente interessada. Mas como alguém vai vender algo que não conhece?

Resultado: o funcionário é admitido e não sabe qual é a sua importância na organização. Faz a sua parte sem saber do todo, sem entender aonde aquilo vai dar. É algo repetitivo, mecânico, mas que precisa ser feito. Nesse momento, para resolver o problema, o que o RH faz? Treinamentos a base de vídeos motivacionais!

As mazelas dos escritórios de hoje começam no papel medíocre que o RH exerce no momento da contratação. Não há gestão, só burocracia, compadrio e analise psicológica (?) do candidato. Tanto é que o entrevistado precisa saber como olhar, onde colocar as mãos, como falar, tudo para causar uma boa impressão ao psicólogo inquisidor. Claro que existem exceções, mas esse é um tema que merece ficar na generalização. Pois, em geral, é assim que funciona.  

Esse processo de mudança passa pela seleção criteriosa do próprio departamento de recursos humanos. Deixar aqueles que já estão no RH selecionar seus novos colegas só perpetua a espécie e, consequentemente, a continuidade das práticas nefastas.

Do jeito que as coisas estão, é recomendável que as tarefas burocráticas permaneçam no colo do RH, distantes dos demais setores. Pois são atividades que não agregam nada à gestão e ao planejamento. Num cenário ideal, o departamento de recursos humanos deveria fazer parte da estratégia do negócio, especialmente no setor de serviços.

O RH deveria deixar o divã: o lugar dele é na gestão, no planejamento, no marketing, no mercado.