Vou comentar a questão criticando um pouco o Estado e um pouco o varejista.
Primeiro, o Estado: a ação do Procon está baseada no que diz o Código de Defesa do Consumidor. É a lei. No entanto, mais uma vez, o Estado acredita que o consumidor é um mentecapto: ele precisa, de acordo com a opinião desses especialistas em consumo, ser protegido do lojista malvado.
O Estado deveria concentrar esforços em punir práticas desleais e abusivas. Condenar o comerciante por não colocar o preço na vitrine (“vitrina” também é correto) é abusar do poder de fiscalização e menosprezar a capacidade de julgamento do consumidor.
A crítica ao comerciante: o senhor sabia que alguns consumidores não entram em lojas que não colocam preço na vitrine? Para o cliente, não colocar o preço é um sinal de que o produto é caro.
Além disso, nesses tempos de falta de tempo, o preço na vitrine facilita a vida das pessoas. Se o cliente precisa entrar na loja para descobrir o preço e ainda ter que lidar com um vendedor xarope (entupido de metas financeiras), ele provavelmente vai optar por não entrar. E alguns lojistas ainda se espantam com o domínio do comércio eletrônico.
Outra questão: há alguns dias um comerciante reclamou que possuía muitos produtos na vitrine, e que era impossível colocar uma etiqueta com o preço em todos. É um caso clássico de procurar a resposta certa para a pergunta errada. A questão não é como colocar etiqueta de preço em tanta coisa. A questão é: será que é necessário colocar tanta coisa na vitrine?
Não é necessário e nem recomendável. A vitrine precisa sem simples, com pouca informação, constantemente renovada. Coloque só alguns itens representativos (lançamentos, promoções, você que manda!) e contrate vendedores que conhecem os produtos e que tem a capacidade de entender o problema do consumidor.
Vale a pena colocar o preço dos produtos da vitrine. E é a lei. E se você ainda acha que vai enganar alguém (cliente ou concorrente) com essa prática arcaica, precisa aprender um pouquinho mais sobre o comportamento do consumidor moderno.