Um estudo de pesquisadores britânicos (aqui, na Veja.com) concluiu
que desviar o olhar não é um sinal confiável para indicar que a pessoa está
mentindo. Nos anos 1970, essa suposta
relação entre o desvio do olhar e a mentira foi generalizada em estudos de
programação neurolinguistica. E, como uma praga, as “técnicas” de interpretação
dos sinais emitidos pelas pessoas se espalharam.
E aonde essa metodologia capenga de interpretação chegou? Ao
departamento que deveria ser o mais importante de uma empresa: o RH, ou
recursos humanos, responsável pela seleção e contratação de funcionários. É o
mesmo setor responsável pelas práticas burocráticas que já conhecemos (mais
aqui, neste mesmo blog).
As entrevistas de emprego utilizam muito a linguagem
corporal como parâmetro de avaliação. Uma comunicação não-verbal que demonstre
inquietação, nervosismo ou supostas mentiras pode ser fatal para o candidato. Ou seja: além de um bom perfil profissional e
de um bom currículo, o candidato não pode errar na interpretação. O bom candidato
é também um bom personagem, que agrada o psicólogo inquisidor.
O próximo passo, segundo os pesquisadores, é descobrir por que
esses conceitos, apesar de pouco confiáveis, foram tão difundidos. Eu também
gostaria de saber e encaminhar a resposta para o departamento de Recursos
Humanos.